Revolução no Patrimônio: Réplicas 3D da Officina da Memória Colocam Brasil em Destaque Mundial
- Ana Corso

- 1 de dez.
- 3 min de leitura
A convergência entre tecnologia de ponta e conservação de arte está redefinindo o futuro da museologia no Brasil. A Officina da Memória, sediada em São Paulo, consolidou-se como referência internacional no uso de impressão 3D para a criação de réplicas fidedignas de obras de arte, impulsionando a preservação e a acessibilidade de acervos históricos com uma relevância que ultrapassa as fronteiras nacionais.
O principal expoente desse trabalho é o projeto desenvolvido em parceria com o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS-SP), que resultou na exposição itinerante “Arte Sacra para Ver e Sentir”. A iniciativa, pioneira no país, já reproduziu mais de 70 peças do acervo em alta precisão, permitindo que o público, incluindo pessoas com deficiência visual, possa manusear as esculturas, antes protegidas por vidros e restrições de toque.
Tecnologia e Arte: Um Abrangente Trabalho de Conservação
O processo de criação das réplicas é uma fusão de ciência e arte tradicional. As obras originais são submetidas a um rigoroso escaneamento tridimensional, que captura suas formas e dimensões nos mínimos detalhes. Em seguida, a manufatura aditiva (impressão 3D) constrói a estrutura da réplica.
O toque final, e o mais crucial para a fidelidade, é a aplicação de técnicas de policromia artística manual pela equipe de restauradores da Officina, que reproduzem as pátinas, as cores e até mesmo as marcas de danos do tempo da peça original.
Essa técnica não só democratiza o acesso ao patrimônio, levando exposições para regiões que raramente recebem obras originais de alto valor, mas também cumpre um papel vital na salvaguarda dos bens culturais. Um exemplo notável é a produção da réplica oficial da imagem de Nossa Senhora Achiropita, utilizada nas festas e procissões da comunidade, garantindo que o original histórico fique protegido contra o desgaste ou acidentes.
Formação, Prática e o Legado de Titina Corso
A atuação da Officina da Memória vai além da replicação tecnológica, sendo um polo vital de educação e serviços de conservação. Toda a visão e excelência técnica da instituição são executadas por uma equipe de profissionais e assistentes altamente qualificados. A instituição oferece uma variedade de oficinas, palestras e cursos livres que capacitam novos profissionais, com uma abordagem intensamente prática.
Os alunos dos cursos de restauro interagem com obras de arte reais, integrando os conhecimentos teóricos em diversas áreas do saber artístico. A experiência se estende a projetos institucionais, como as atividades de higienização de acervos e estantes expositivas realizadas no Museu da Imigração durante três meses, onde estudantes e assistentes puderam obter vivência direta com o patrimônio.
A Officina também demonstra seu espectro artístico na produção de cenários, instalações artísticas e pintura mural, aplicando os mesmos princípios de rigor técnico e conhecimento histórico em contextos contemporâneos e cenográficos.
À frente desse trabalho está a professora Titina Corso, uma profissional com 45 anos de carreira. Seu vasto currículo abrange as áreas de artista plástica (em obras clássicas e contemporâneas), poetisa, fotógrafa e, crucialmente, conservadora e restauradora ética. Titina respeita os fundamentos dos grandes pensadores da restauração e transmite todo seu conhecimento sobre materiais, ferramentas e técnicas, desde a pintura sobre têxtil até a recuperação de esculturas policromadas.
Alinhamento e Protagonismo Internacional
O trabalho da Officina da Memória e do MAS-SP não é apenas uma novidade local, mas sim um movimento estratégico que alinha o Brasil à vanguarda da museologia global. A replicação 3D de acervos para fins de conservação e educação patrimonial é uma tendência adotada por instituições prestigiadas como o Museu Nacional de Arqueologia da Espanha e o Museu Nacional de Arte da Dinamarca.
Para a professora Titina Corso, coordenadora do projeto, o reconhecimento coloca o Brasil em uma posição de destaque:
“Ver o Brasil se posicionando entre as referências internacionais é motivo de orgulho. Nosso trabalho mostra que inovação e preservação podem caminhar juntas, respeitando a história e promovendo o acesso para novos públicos,” afirma Corso.
Com planos de expansão do acervo de réplicas e a continuidade da formação de novos talentos, a Officina da Memória reforça seu compromisso em utilizar a tecnologia e o conhecimento tradicional como ponte entre a memória histórica e as novas gerações, assegurando que a arte e a cultura sejam acessíveis a todos, em qualquer lugar do mundo.
🌎



Comentários